Um pouco de história de Vila do Conde

 

 

Dividem-se as opiniões dos historiadores sobre quem teria sido o conde que deu o nome - VILLA COMITIS - a esta cidade: Hermenegildo Guterre, Vímara Pores, Hermenegildo Gonçalves ou Afonso Betote?

Perde-se na lonjura dos séculos o povoamento de Vila do Conde. Achados arqueológicos asseguram a sua romanização no século I da era de Cristo. Porém, a sua "certidão de baptismo" é um documento de 26 de Março de 953, que trata da venda desta vila feita ao abade Gonta do Mosteiro de Guimarães, por Flamula Deovota, filha de Pelágio e de Ibéria. Neste célebre documento são já referidas as actividades de pesca e das salinas.

A história de Vila do Conde está intimamente ligada ao mar. Ptolomeu refere-se, mais de uma vez, ao "flumen Avus" e à sua foz, presumindo-se que tenha sido conhecida dos Fenícios. Das Inquirições Gerais de Afonso III, ano de 1258, ressalta que armava mais de 60 pinácios - navios de pesca, comércio com o norte da Europa e de cabotagem.

Na descoberta da Índia, acompanhando Vasco da Gama, estavam, pelo menos, dois vila-condenses - os irmãos Francisco e Pedro de Faria e Figueiredo. Eram também vila-condenses: Gaspar Manuel, piloto-mór da carreira da Índia, China e Japão, que escreveu um Roteiro; o piloto Rosado e o comerciante Godinho, de quem Fernão Mendes Pinto fala na "Peregrinação".

Esta intensa e constante ligação ao mar, fez com que várias capelas fossem mandadas erigir, ou da evocação, pelos mareantes: Senhora da Guia, ou S. Julião Mártir, já citada em documento do ano 1059, o mais antigo templo religioso da cidade; Senhora do Socorro, mandado construir no nos fins do século XVI por Gaspar Manuel, lembrando um pagode; Corpo Santo ou Nossa Senhora da Boa Viagem, na Igreja Matriz, mandada edificar pelos mareantes em 1524; a capela de Santa Catarina, do século XV. O apogeu desta cidade foi atingida nos séculos XV e XVI, com as descobertas e o comércio marítimo e ficou bem patente em alguns monumentos.

Até à divisão Administrativa de Mouzinho da Zilveira, 6 de Novembro de 1836, Vila do Conde não tinha "termo". É apartir desta data que se começa a formar o concelho com a entrada de 22 freguesias. Pelo Decreto de 8 de Maio de 1871, fica o concelho de Vila do Conde composto de 30 freguesias, com os contornos que hoje possui.
Na segunda metade do século XIX, a visão do Presidente da Camara - Dr. Bento de Freitas Soares, mais tarde construindo-se hóteis, casino, cinema e vivendas, Vila do Conde foi elevada à categoria de cidade por decisão da Assembleia da República de 18 de Dezembro de 1987.

Texto de Monteiro dos Santos, in "Páginas Verdes - Vila do Conde"