Mais um ano se passou e mais umas Festas terminaram. É por isso altura de fazer um balanço
e analisar com clareza e responsabilidade os erros cometidos ou as situações menos boas
que porventura tenham acontecido para que não voltem a repetir-se.
De uma coisa estamos todos de acordo. Participar nas Festas de São João, é sinónimo de muito
amor à terra e à Associação que representamos, muito trabalho, muita despesa, muito esforço,
muita canseira, muitos nervos e alguns aborrecimentos para apenas duas horas de espectáculo.
No entanto, outros valores se levantam e nos obrigam a participar e a dar o melhor. Esses
valores são a tradição secular de cantar e festejar o Santo Padroeiro e o exemplo deixado
pelos nossos antepassados e pelas gerações que antes de nós fizeram parte deste Glorioso.
Comungamos ainda todos da mesma opinião: o Rancho da Praça esteve à altura dos seus pergaminhos
e honrou todos os valores anteriormente descritos.
Mas vamos ao que interessa. Há meses que um grupo de trabalho liderado pelo Prof. José Vila
Cova e pelo Cândido Picada vinha no novo armazém a trabalhar os três carros a apresentar na
Marcha Luminosa. O entusiasmo era grande e o interesse e a curiosidade ainda maiores ao ver
nascer do nada os lindíssimos trabalhos que iam desfilar na Noite Santa.
Após os cantares tradicionais ao Padroeiro nos dias 24 de Maio e 17 de Junho, a faltar um mês
e oito dias respectivamente para o São João cada vez com mais público a participar, eis que
chega a grande Noite.
A azáfama dos participantes na "marcha" era enorme. Todos procuravam apreciar os carros
alegóricos para poderem fazer os seus comentários, e esses não se fizeram esperar.
Era praticamente unanime e consensual que de ano para ano a Praça sobe qualitativamente o
nível dos trabalhos que apresenta sem contudo desvirtuar nos motivos, ou seja, levar sempre
algo que diga respeito a Vila do Conde e ao Santo Padroeiro.
O 1º carro representava a passagem bíblica de São João a baptizar Cristo, num trabalho
realizado sem mácula.
O 2º carro aliava a faina piscatória tão característica na nossa terra, à fé dos pescadores
em Nossa Senhora da Guia ali representada pela sua bela Ermida do século XII, erguida junto
à foz do rio Ave.
O 3º carro era uma réplica fiel e extraordinariamente bem feita, da Igreja de Nossa Senhora
da Lapa, um monumento da autoria do célebre arquitecto italiano Nicolau Nazoni.
Tudo isto aliado a uma nova coreografia, fizeram com que as várias centenas de participantes
dançassem ininterruptamente durante o percurso com imensa alegria, sempre muito ovacionados
pelos milhares de pessoas que emolduravam as ruas por onde passava a Marcha Luminosa.
Chegados ao pavilhão, assistimos com alegria a toda a mística que encerra a Noite de São João
quer para os que participam, quer para os que assistem, muitos dos quais já participaram há
muitos ou poucos anos e que hoje por qualquer motivo já não o podem fazer. A emoção é tão
grande que no rosto particularmente dos mais antigos, se vê por vezes rolar uma lágrima
de nostalgia.
Depois da entrada triunfal em palco de todos os ranchos, de em uníssono cantarmos o "nosso hino"
- a Canção da Rendilheira, e de cumprida a tradicional palavra do Presidente da Direcção,
é altura de todos os ranchos começarem a actuar em palco.
Logo a abrir, um enorme momento de ternura protagonizado pela actuação do Rancho Infantil,
seguindo-se a nostalgia para todos os que já pisaram os pavilhões através da exibição do
Rancho das Velhas Guardas. Um sentimento de enorme alegria e entusiasmo é proporcionado
pelo Rancho composto por componentes que dançaram em várias épocas e, para terminar a
noite, já há muito se vê o magnifico fogo lançado do rio a estourar no ar, o Rancho
Actual com toda a sua personalidade, composto por jovens que compenetrados e conscientes
sabem que sobre os seus ombros recai toda a responsabilidade pela divulgação dos nossos
usos, costumes e tradições quer em Portugal quer no estrangeiro, termina com chave de
ouro a participação na Noite de São João.
No final da actuação dos ranchos e do fogo de artifício, os mais novos continuam a noite no
parque de diversões ou a dançar ao som da música do conjunto que junto ao rio toca até ao
amanhecer e, os mais velhos, seguem a tradição de junto das suas famílias degustarem o
tradicional cabrito com arroz de forno.
VIVA A PRAÇA