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SÃO JOÃO 2002
Mais um ano se passou e, mais uma vez Vila do Conde cumpriu a tradição de festejar o seu Santo Padroeiro - S. João Baptista.
Como vem sendo habitual, o Rancho da Praça continua a ser um dos grandes baluartes associativos para manter bem viva essa tradição, arrastando verdadeiras multidões de adeptos entusiastas.
Os trabalhos de preparação para a Grande Noite começaram muitos meses antes. Mas, de forma participativa, a tradição começou efectivamente com o cantar a São João no dia 24 de Maio, ou seja, a faltar um mês para o dia do Padroeiro, contando-se por várias centenas as pessoas que com alegria e muito entusiasmo se concentraram por detrás da Igreja Matriz.
A faltar oito dias, dia 17 de Junho, a tradição repetiu-se, porventura ainda com mais entusiasmo dada a proximidade das festas.
A cascata na Praça de São João, junto à estátua de pedra do Padroeiro, constitui sempre um grande motivo de atracção pelo trabalho minucioso e perfeito com que fica exposta. Este ano, contrariando uma prática mantida há alguns anos, não era uma cascata em movimento. As principais causas foram, a falta de tempo, pois uma cascata em movimento ocupa alguns meses de trabalho e, a falta de verbas, dado que a Comissão de Festas não distingue o trabalho de uma cascata para outra. Recebe igual quem faz uma cascata com trabalho minucioso e oneroso como quem faz uma cascata onde são apenas colocados uns terrões e uns bonecos. Desta forma não vale a pena tanto esforço. Quando premiarem as cascatas, então sim o Rancho da Praça, como já habituou toda a gente, voltará a fazer outro tipo de cascata como dantes fazia.
Depois de muitos ensaios dos quatro ranchos que a Praça apresentou este ano para dançar no pavilhão e, do muito pessoal extra que ia participar na Marcha Luminosa, eis que chega a tão ansiada Noite de São João, aquela noite santa e cheia de tradições que no meio de tanta alegria, tanto entusiasmo e tanta gente, cria tantas ilusões e desilusões e é simultaneamente tão emblemática e mística.
Voltando à Marcha Luminosa, temos à partida que destacar o mau tempo que se fez sentir e a que normalmente não estamos habituados. Ninguém se lembra de uma Noite de São João tão adversa, tão ventosa e tão fria, factores que naturalmente condicionam e prejudicam o espectáculo.
No caso concreto do Rancho da Praça, pode dizer-se que as condições atmosféricas prejudicaram em muito o trabalho meticulosamente planificado e construído para essa noite, particularmente os arcos transportados apenas pelos homens. Tratava-se de 24 arcos com cerca de 3,5 metros de altura e 2 metros de largura, sendo 12 com o brasão de Vila do Conde e 12 com uma réplica da Igreja Matriz. Pela dimensão dos arcos, já podemos imaginar o quão custoso foi transportá-los, não pelo peso, pois eram extremamente leves.
A complementar a Marcha Luminosa, para além de algumas centenas de pessoas, dos arcos, não só os já mencionados, integravam-na também 2 carros alegóricos. O primeiro, constava de uma réplica da Igreja Matriz, monumento que este ano completa 500 anos da sua conclusão. O segundo, era a réplica de uma caravela quinhentista numa alusão à época áurea dos descobrimentos e, aos seculares estaleiros em madeira de Vila do Conde, de onde partiram muitas naus e marinheiros que deram novos mundos ao mundo.
Como se verifica, os quadros estavam perfeitamente integrados. Tudo se conjugava e foi pensado para que esta fosse uma Marcha Luminosa em grande. O factor tempo "arrefeceu" um pouco esse entusiasmo e danificou alguns destes motivos mas não estragou a festa porque a Gente da Praça é dinâmica, alegre, determinada e sabe o quer.
Dia 24 é o dia de São João, feriado municipal em Vila do Conde. O povo na ordem de muitos milhares "apinha-se" ao longo do percurso para, com respeito e veneração ver passar a Procissão. Este ano o Rancho da Praça teve uma representação de alto nível. Além da totalidade dos componentes dos Ranchos Infantil e Adulto, completavam a nossa representação vários pares de componentes das Velhas Guardas e do Rancho constituído por componentes dos Anos 70 e 80.
Como manda a tradição, as Festas de São João encerram com a tradicional "ida à praia". Em primeiro lugar vai o rival que leva alguns "mimos" e é "obrigado" a cantar e a dançar as músicas da Praça no Senhor da Cruz ao passar pelo "quartel general" da Praça. Depois segue o Glorioso de maneira imponente com o povo satisfeito por ter "arrasado com o inimigo". A exemplo dos últimos 15 anos, é cada vez mais a gente que integra esta participação popular. Esquecem-se extractos sociais, idades, problemas e doenças e o povo lá vai a cantar e a dançar alegremente para junto ao mar cantarem a São João. Findo este ritual, com a mesma animação e o desejo de para o ano voltarem, regressam ao centro da cidade.
Não sabemos até onde vai toda esta onda de euforia. De uma coisa temos a certeza: com estas manifestações espontâneas e uma rivalidade salutar entre os dois ranchos rivais, ganham as Festas e Vila do Conde tem mais um cartaz turístico para promover. Por favor não estraguem isto.
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